Dar a ler I
O homem viaja
Na busca de se agarrar a alguma coisa
No mundo busca pedras
Para fazer sua base, suas vigas
Vagas vigas
Que embriagam e destroem
Que fazem o homem mergulhar
Na profundidade da sua natureza
Virar viga, retirar a máscara.
O amor bem que salvaria a sua alma
Qualquer amor
Seja de dEUS ou de uma prostituta
O que dá no mesmo
E nesta profunda escuridão
Nós plasmados em uma só sombra
Na sombra de uma viga
Único porto seguro do amanhã
Na sombra da viga
A imagem de um mundo que é diferente
Dar a ler II
A neblina esfumaceando o lugar,
Pessoas atravessam a rua, apressadas,
Pra que?
O tempo não existe.
Elas chegam aos borbotões,
vem do passado,
vestidas em suas estolas e cartolas.
O barulho das rodas
Das carruagens no cascalho
-Posso te ajudar?
Frase perdida num tempo
O velho cego continua andando
Com a sua bengala
O som da batidas dos atabaques
Filhos de Xangô
A mulher vestida de preto canta
Uma velha canção de amor e de mar
Lá vem o mar lavar minha alma sofrida
Lá vem o mar lavar minha alma sofrida
Chega de amar,chegar de azar,
Chega de pensar em coisas tão banais.
Dionisíaco
Vou engordando, ganhando quilos,
o rosto cada vez mais redondo.
A loucura proporcionada pela embriagues
me tira da depressão
A loucura que acompanha
a cada pensamento enviesado
As ninfetas correm nas noites alimentadas
pela carne fresca animal
As bacantes neste delírio infrêmito,
nesta cruel certeza de estar perto.
Da musica que ousei tocar,
retirada das notas passarinhos nos arames farpados
das cercas que nada cercam na Fazendinha é o caminho.
Sexo, drogas e roqueerrou
Bacantes, loucura e musica dionisíaca
O triunvirato, as três pontas do tridente de Zeus
Todo mundo tem um pouco de gênio e de louco
Mas somente o gênio tem de louco cem por cento.
Res cogitas, res extensas e res pirar.
Hoje olhando o para o colégio onde nasci
Lembrei por um momento que sou paulista
Educado no estado, na cidade de São Paulo
No hospital, no bairro,no Jardim de São Paulo
Aqui vivi grande parte da minha vida
Respirei paulista
Ai,lembrei do mestre das chaves de Canavieiras
E seus esteriotipos
Tipo paulista
Tipo baiano
Tipo carioca
Sou avesso a esterioversos
Machuquei
Então rodei ainda mais meu Brasil
Transpirei o suor
Dos lençois maranhenses
Respirei o aroma baiano
Senti o cheiro do Mato
Todos os matos
O ácido do suor nordestino
O sabor amargo do chimarrão
E o gosto acre
Sempre em nossas bocas
Aspirei um Brasil
Sem fome
Respirei brasileiro
Guardanapo de papel
É sempre assim
Após algumas horas
Depois da devastação
e da Brahma
A vida sendo escrita
O Poeta dos guardanapos
de papel sobre o balcão
O balcão do Bar
Pena que hoje a caneta
Não possa ser tamanha
Coadjuvante menor
Incompatibilidade com o meu amigo maior
De todas as horas
Sempre te encontro
O guardanapo de papel
Aí então vem uma cascata
emoções rolando
A vontade de transbordá-las
Bordando palavras num papel.
Como?
Eu estou no meio de Nova York
no meio da noite
no meio da rua
A meio pau
As luzes de um bar
A salvação
Dentro de mais um pouco
Só mais um pouco
Me empresta a caneta,
Could you lend me your pen
Pequenos pedaços de realidade
Fragmentos de poesia
Sendo desenhados em pedaços
Pedaços de isxis cm
vinte por trinta
trinta por vinte
No meio da mais perfeitas idéias
Pulo de papel
Passo para um novo mundo
Passo para o mundo as minhas imagens
Imagem perdida
Praia do Boqueirão
De tantas vezes
Salto para praia
Procura imensa do mar
Algo bate forte dentro
Esbanja emoção
Explode palavras
Preciso por tudo isto pra fora
É como a droga para os viciados
Querido guardanapo de papel
Razão de ter lembrado amanhã
Razão de poder retratar loucuras
Minhas
E de outros
O brilho prateado do balcão
As pessoas me acham
É interessante notar que a curiosidade está
Viva em cada um de nós
Mas ninguém pode entender
Alguém que escreve em letras
Grandes letras
Num guardanapo de papel
Mesmo que hoje seja quarta-feira
Mesmo que isto seja Manaus
Mesmo que a minha vida se desapareça
Rapidamente
Sugada pelo papel
Mesmo que a minha vida
Vida na quarta-feira
Vida hoje em Manaus
Viva crianças crescendo
Rapidamente
Eu sugado pela vida
Obrigado por um
Guardanapo de papel Nietzschiana levantai o vosso coração, alto, mais alto e não esqueças das pernas você que é uma boa bailarina erguei também sua cabeça e vá dançar esta musica que aniquila mas que também nos integra numa delirante embriaguez coloca sobre ela esta coroa de quem ri esta coroa de grinaldas de rosa declare o seu riso santo Suzana, a dançarina, a leve acene de onde estiver com as suas asas, estarei lá pronto para observar o seu voar e não esqueça de acenar aos pássaros na sua preparação deste vôo noturno e leve aquela dançarina que esta indo no encontro da verdade não uma verdade impaciente e incondicional porque existem varias verdade a verdade ama os saltos e piruetas é como um acrobata encima de uma tenue pauta musical e esta coroa que agora pões sobre a sua cabeça e que será o seu equilíbrio nesta passagem sobre o abismo é a mesma coroa que nos faz sorrir e te faz voar para você eu fiz esta coroa que vai te proteger da queda para você eu fui buscá-la da mais escura profundidade do meu ser e dai, eu declarei o seu riso santo e notei que você, do alto do seu vôo noturno aprendeu a sorrir, a dançar e a voar
CHAVE
Quando eu te encontrei no meu bolso
Eu procurava outra chave
E sem perceber eu girei
A chave pra uma outra viagem
Meu corpo na eterna vadiagem
Criou asas e se transformou numa arara
Esculpida pelo dodô das codornas
E como agora eu sou uma arara
De madeira do litoral norte
Abandonei meus velhos problemas
E parti pra um céu ainda azul
Lá eu fiz mil amizades, e o mundo se abriu
Nasceram novas estrelas, a maré subiu
E eu me tornei artesão.
Com a mesma fala que esculpi sua imagem
Tive mil organismos que criaram novas araras
Planando nas asas da imaginação
Que explodindo o mundo, num arco-íris de imagens
Na porta da nossa casa
Neste vôo sem rumo, me lembrei que sou você
E que os rabiscos que riscam o quadro negro
Trazem o passado ao presente
Me empurram do útero ao futuro,
Envelheço e me lembro quando fiz 39
Quando viajei feito arara
Na terra do sempre feliz
Poetas das ruas
(em parceria com W.Haacki)
Eu sou o poeta das ruas
Despercebido estou no vão
Das coxas das mulheres paranaenses
Eu sou o bêbado dos bares
Percebido, incômodo
Sou o esperma da sua boca
Em forma de canção
Sou o sorriso sem dentes
Daquelas gargalhadas
Dos que não sabem por que riem
E mesmo queeu fosse alguma coisa
A mais do que um simples número
Meu jazigo seria pra sempre
O meu melhor amigo
Assim, o saber tudo
É saber nada
É estar perdido e só
Por isso respiro o seu suor
Masco a sua raiva no café da manhã
Cuspo a inveja
A barata tonta que foge do chinelo
Beijo sim
Não para matar a fome
Só desejo
Satisfazer o meu fino paladar
Quero uma pele carnuda e macia
Mas quero também veias, dor e amor
Vomito sangue
Parei de comer rosas
Hoje só como espinhos
Cadavez
No escuro deste quarto
Eu tenho certeza
Que a pereira
Em que te vi nascer
Está morta
Você que vi nascer flor
E se transformou em fruto
Que eu vi ser em quarto,
Por outro, partida.
Que eu vi o caule ser arrancado
Com os dentes
Formando enorme ferida
E cada vez mais
Neste quarto mal cheiroso
Eu busco a resposta
Que você quando fruto
Não me deu
Eu que te vi no berço da morte
Que te vi criar e recriar os astros
Com seus dedos finos e longos
Dedos de pianista
Cada vez mais
Penso menos
Nestes lençóis dos desejos
Cada vez mais
Penso menos
Nestes lençóis dos desejos
Cada vez menos
Beijo o seu retrato
Durmo com as sementes
Esperando novos frutos
O coração
Ah.Nessa mesa
O que era firme se desmancha
Neste copo
Há na certeza
Uma incerteza muito grande
E o remorso
Porque palavras e rimas
A gente esquece num instante
Então pra que vou me enganar
O coração é aquilo
Que a face mostra
Mesmo no escuro do bar
Eu posso olhar
O coração
Há nesta noite
Muito mais estrelas
Que poesia
Quem diria
No firmamento
Um novo momento
De tristeza e agonia
Porque canções e juras
Não correm contra a maré
Então pra que vou navegar
O coração é aquilo
Que a face mostra
Mesmo no escuro do bar
Eu posso olhar
Na sua mesa tão vazia
De amigos e esperança
Perdido, feito criança
Abandonada
Num canto sozinha
Atravesso a madrugada
Na busca do seu olhar
Viagens e Espantalhos
Ficção não uso acento viagens
Fricção perpetuo a possibilidade vadiagens
Aflição de vôo viadagens
Lição circunflexo estradas
Mera realidade vou ao infinito estragas
Ou pesadelo mentira tragas
Pessoas agudo beberagem
As pessoas sou a faca sacanagem
Dirigem que fere homenagem
O resto e que corta a carne homem oco
É imaginação trema espantador
Realidade a vida se escoa espantamor
Ou mero desespero pelo ralo espantalho
Bitz e Amendoins
E nesta cada vez mais estranha vida
Nessa velocidade alucinante que a vida passa
A uma velocidade de quinze ou dezoito quiloherts
Tento ter paciência para ouvir,
Paciência para contar a última aventura
Com pelo menos mais do que cinco palavras
Objetividade?
Peso da idade?
E tudo que penso?
A idade e objetividade?
As pequenas coisas me irritam
Me fecho
Feitostra
Ostracismo
Cismo
Catecismo
O amor hoje em dia
Não troca mais que três palavras
Mentira,
Às vezes troca quatro
Ou cai de quatro
O viaduto da Sé não me presta mais
Bebo amendoins e esqueço todas as palavras
É possível que essa velocidade
Me leve a um novo horizonte
Lou Reed
Lou Marilyn
Lou Paquiderme
Lou Space
Lou Lusantos
Hey Cure
Alo Cura
Aii Curra
Lou
Cura Low
Low
Curae nesta cada vez mais estranha vida
Nessa velocidade alucinante........
Todo o arremesso dos planetas
Foi particionado pelos povos da floresta
Floresta de São Paulo
América
Sabe, a do sul
Naquele tal de planeta chamado Brasil
Todo o arremedo de cultura
Que ficou do lado de cá do hemisfério
Lembra suor, calipso (que hoje chamam lambada)
Estrela desesperada procurando o amendoim
Todo o amendoim que sobrou no hemisfério
Não pode ser mais que
Um punhado de quatro sementes
Que brilham sem terem a certeza
De terem nascido.
Bom dia senhor sol
Veja as minhas raízes
Cada vez mais caudalosas
Se encontrar uma terra
Que é de todos e não é de ninguém
Todo o dia passou sob a cobiça
Ninguém soube entender a velocidade
Dos pensamentos..........Faíscas...........
...........curto............circuito.................
.....................curtocircuito...................
BZZZZZZZZZZZZZZ.
O vento volta de novo
E por mais que eu queira
Esquecer essa nova melodia
Esse novo amor
Tudo gira como um redemoinho
Trazendo lembranças
Que eu gostaria de ter apagado
Mas hoje o tempo me acorrentou
E estou sozinho
BZZZZZZZZZZZZZZ
A inocência de nossos sonhos se perdeu
Aonde estou eu
Aonde está você
Mas o que posso dizer é
Que sempre um novo dia nascerá
E pra nós será sempre
A força de uma nova vida
Correndo um novo sangue
Ou um velho
Sabe, aquele um
Nós ficaremos velhos
Não me importa que o amor
Se transforme numa sublime troca
De experiências a respeito de úlceras
E estomatites
O amor é tão lindo e sobreviverá
Posso ouvir a sua ânsia
Mesmo no silêncio
Ninguém te amará como eu
Nem na morte
Os acordes da minha serenata
Acorda amor
É amanhã
E eu vou inventar novas histórias
Pra te manter acordada
Sabe, existe um menestrel
Um caminho pro céu
Uma lua de mel
Me dá licença pra esta
última dança?????
????????????????????????
Amendoins, palavras e cerveja
Estou aqui
Um novo fantasma
Nem melhor, nem pior que os antigos
Levo no peito uma palavra chamada aaaaaaaa
Aaaaaaaaallllllllllllllllmmmmmmmmmmaaaaaaaaaaaaa
Estou feliz nesta grande gaiola
Chamada vida
Esperando poder alçar um grande vôo
O maior dentro das notas maiores
Pensando que tudo não passa de
Um grande pesadelo ou sonho
O homem se esqueceu de um velho tempo
Que tínhamos tempo de esperar
Passar o vento
E escutar o seu som
Soprando na janela
E a idéia de uma morte jovem
Livre e sem princípios
Sons alienígenas
Me encontro pensando
Em pleno campo
Faunos andam tocando suas flautas
Não me conhecem, eu não os conheço
Mas somos todos irmãos
Neste frio que nos torna estranhos
Palavra estrada............estranho.................
.................palavra...........palavra.................
Estou em silêncio a aguardar porque este pranto
Minha alma não voa
Esperarei muito mais
Sabendo que essa ânsia tem um nome
FELICIDADE
E quem não sabe não pode dizer
A noite nos fará feliz
Não poderei falar da minha
Da nossa felicidade
O silêncio nos levará
Para fora dessa gaiola
Voe
Não se esqueça que temos asas
Somos doces
E o silêncio nos tornará fortes
E esconderá
O silêncio
Nesseimensosilêncio
Me perco em palavras
Ou falta delas
Nesseimensosilêncio
Dou adeus aos mortos.
Brasil Um Pensamento Tardio
As queropitas pedras turmalinas do pensamento
São botos, orgasmos no rio, ponteiros do tempo
São via Láctea e intestinos
Jacarés, televisão e privadas
Quiromancia viagem
quisto formado na palma da mão
Pimentas corações solitários, o arrepio
Suavemente ela desce a calcinha
Subitamente o chão fugiu, a maré encheu
Quixote, quinhão, minério
Os raios de sol num grito breve e seco
A vida por um fio
Prostituta, prostituído, Brasil
Magenta, cristalina placenta, cordão umbilical
Fumaça, janelas e o aprisionamento, grades
Cadáver sem nome, paulicéia desvairada
Movimento, paixão e ritmo
Marisco impregnado em seu ser
Pedra, lápide sepulcral
Furúnculo, iceberg, pássaros
Milhões de luzes em teus seios
Malabar, malandragem e malária
Espírito corpo e luz
Transparência, latir
Mal educado Brasil
Razão, ravióli, ave de rapina
Me tiraste do meu leito
Dama das luvas negras
Viúva negra, aranha
Motéis e aves da madrugada
Tabefe, opulência e Tabatinga
Mulheres, crianças, emergindo da noite
Xoxótas imberbes, bêbados maduros
Camisetas, cooper e propagandas
Reflexões na hora do poente, Brasília,
Abrigo dos lobos, mergulho no vazio
Tão podre e corrupto Brasil
Parcimônia, uísque e bons vizinhos
Ai cinco, nação feliz e pasquim
Luxo e ostentação, mero pastelão
Todo o Brasil se droga, ora droga
Agito, misundertanding, diploma
Estado de direito, experiência alucinógena
Arquipélago de Santa Cruz
Tão iguais, tão diferentes
Do rio que corre sobre a minha cabeça
Não atravessa as demais
Cadeiras na varanda, a lua surgiu
Saudade desse velho Brasil.
Central Luzes
Me esqueci, me apaguei
As milhões de luzes abaixo de mim
Transbordando o coração
Um avião passou sobre nossas cabeças
Meu poema tomou carona
E aí milhões de estrelinhas
Vieram sobre mim
Caído, sem sentidos
Mudando de amores
Sem perceber o sentido do céu
Do seu amor
Dei de encontrar a sorte
E ela me encontrou
Num momento difícil
Buraco negro da existência
Este é o som de quando eu era menino
E o povo das casinhas
Que são milhões de estrelas
Estão quebrados
Acreditam na verdade
E acham minha poesia mentira.
Pelos metrôs de Paris.
O som do violão irradiava
por todo o túnel do metrô,
o som da gaita,
me aproxima.
Alguém toca no
buraco do metrô
tem um cartaz e pede moedas.
Passo a passo
Solitário
Uma forte atração me fez voltar.
Tento me comunicar.
Qual língua?
A língua dos loucos
Dos perdidos nos metrôs do mundo.
Toca uma música pra mim!
Juntos pegamos o metrô
Junto vamos pra Bastille,
uma cerveja e um
drinque doce tipo soda com coca-cola,
um adeus na noite,
eu solitário pelas ruas de Bastille
ele pode voltar a tocar,
está sozinho,
ninguém o impede.
Tarde de Domingo em Buenos Sampa
Primeira imagem,
James Dean sentado na poltrona
Assistindo aquela reportagem sobre os “dizizis” do Fantástico
Viva jovem morra jovem,
seja um glorioso defunto
Calça Lee, blusão de couro,
o que era beat, virou fashion
O articulista não resiste a tentação de dizer que ele era
Homossexual, ou ao menos bissexual,
e quem sabe trisexual
Lábios agreste, beijos psicodélicos,
olhos sombreados e esperma atômico,
porra como é difícil adjetivar
No último quadro quando entrevistam sua professora primária,
ela diz:
- Vocês tem que lembrar de que hoje ele teria uma miopia avançada
No espaço de tempo reservado a nós mortais,
o picadeiro cheio de luzes estroboscópicas,
um anjo passa sobre as nossas cabeças
Asas enormes, Ícaro em sua modernidade de turbinas
Bocejamos com o velho de truque de magia,
da cartola e do varal
Sentado a frente de uma estação de trabalho,
invento um grande país, que pinto em todas as cores
verde, laranja, cinza, azul argenta, vermelho
Traço uma grande ferrovia e embarco no primeiro trem
Está cheio de imigrantes que vão povoar esses país
Lá não existiria nada de corrupção,
viveremos em plenitude cósmica
Sonho, e vejo um país índio
Chora e grita aquela guitarra perdida no underground
conta todas as mentiras, se confessa, e volta a pecar de novo
Diz das relações entre o bem e o mal, sorri
Sobe a rampa do castelo, se entrega e se corrompe
Trepa com todas as mulheres que são espelhos
São orelhas com brincos de cristal, pescoço e clímax
A beleza suspensa na ponta da agulha que vai ferir sua pele
fazendo circular pesadelos, viagens e loucuras
Dependência? E o outro lado da independência.
Aquela libertinagem rondando o planalto
Vidro que raspa as cordas vocais, e às vezes faz aborto
Quarta capa de periódico, abro e vomito,
cheiro de sepultura.
Tem cheiro de Paulo Francis, continuidade e brasilcadura
Fala de coisas que não entendo e não tenho saco
Noviorque, estadusnidus e pirustroica
Colônia de vermes balançando a cabeça
estão numa árvore genealógica de puder, poder e de uma deferente otoridade
Não clamo, reclamo, não oriento, me ausento, sou antídoto
esgotado nesse mundo de escorpiões.
A magia do primeiro amor homo ou heterossexual não tem
diferença
Círculos mostram o caminho pra frente e pra traz
Fazendo-nos retornar a primeira página
Num eterno retorno nietzschiano.
Atlanta
Peguei a caneta e caminhei até o sofá
Estava naquele buraco sujo do metrô
Rato gente rato
O grito e o som dos freaks nos trilhos
Nas galerias os gritos e os sons
E eu tive um sonho tão longo
Transmitido por fac simile
Eu lendo em visão calidoscópica
Com aqueles óculos de lente verde azul
Senti-me o herói
Num filme que nunca acontece
Meus olhos, hoje são a câmera
Imergindo, mergulhando nesse louco mundo
Take one – nariz/do americano/de cabelo branco/fungando
Pensei nas camisetas que não comprei
Tudo era um resto de conversa sobre regardé
Jack Logan Jack
O sapato sobrando na sala
As orquídeas soprando o som
Discordei do arco íris
Raspei todas as teclas do teclado
O amor via modem
E sobram mil palavras
E toda assombração
Pra falar
Falei arrogante
Eu com a visão calidoscópica
Num filme que nunca escondi
Os olhos são a cratera
O coração, a barriga
Nesse imenso louco mundo
Então close no corte do seu nariz
Sou americano, cabelo branco
E neste evento, tão cansado
Estou sentado
Todos os copos em cima da mesa
E as pessoas não se cansam de falar
E não dizem nada pra ninguém
O carniceiro tira pedaços de carne
São os pratos que dão vida ao lugar
E quanto mais falam, mais vida
E a obsessão é o abajur
Os mortos já estavam deitados
E os tigres de Bengala
Quando, ouvi chegar alguém do safári
O bolso serve pra carregar a carteira
O coração a caneta
A palavra o ruído
As flores mais algumas palavras
Vivi aqui como sertanejo
Não de palavrão, mas de fé
Nada mais resta do que o vermelho que carrego comigo
Bruxas meninas
Andam descalças na floresta
No meio da noite
Reúnem-se em noite de lua cheia
Em volta do circulo
Tantrico
Gritam, estão histéricas
Formam uma irmandade de
mãos dadas.
O que me trouxeram
Diz a velha mulher
Pelos de uma barba
Um recorte do colarinho
A fogueira crepita
Ao receber estranhas
Substancias
Uma ave negra
Voa perdida pela penumbra
Entoam unissono
Estranhas canções
Ficam nuas ao luar
Seios adolescentes
Balançam
Dançam
Alucinam
Depois exaustas
Dormem como anjos
Sem nenhuma peça de roupa
O gosto ácido do sangue
em nossas bocas
O olhar enfeitiçado e distante
Povoam as nossas mentes
Nós, pobres diabos
Brincadeira de meninas
Ou maldade de bruxas?
Simplesmente mulheres
Normais Neste Pesadelo Natural(Num Bar da Avenida SãoJoão)
O homem de botas pretas
E uniforme verde
Ronda o posto espalhando água
Seu esguicho é violento
E molha todos os sentidos
Daqui da mesa azul marinho toalha
Vejo os copos do vinho
da água com gás
do Contreau congelado
O freio do ônibus arrebenta numa nota aguda
Os comensais da mesa vizinha
Transformam-se em gnomos de chapéu azul
O homem sem chapéu
E de camisa listrada
Apercebeu-se da chegada dela
Sua virilidade se põe a prova
Orgasmos em ondas de rádio
Daqui, de dentro da minha mala preta
Vejo os documentos proibidos
adulterados
falsificados
O ruído da explosão do motor num canto baixo
Os comensais da mesa vizinha
Normais neste pesadelo natural
Paratí
Te dou esta canção,
Assim, arrítmica
Antimétrica
Te dou esta canção
Sabendo, sofrendo
Sonhando
Te dou esta canção
Sabendo que
Continuará à noite
Tudo continuará
O meu amor também continua
Solto por entre as ruas
O fascínio das ruas
O Francisco das ruas
O óbvio chegando nos ouvidos
Te dou esta canção
Escondendo as flores
Pelas ruas que passei
Te dou esta canção
Esperando a esperança
Sabendo que é possível
Te dou esta canção
Sonhando com os dias
Sem temor, com amigos
Te dou esta canção
Apesar de que
A minha solidão continua
Fechada entre paredes, quatro
O caminho das estradas
Hermínio das estradas,
Fernando
Apóio a cabeça nos cotovelos
Te dou esta canção
A você minha mulher
Eu perdido nos nossos horizontes
Te dou esta canção
Recordando todos os nossos momentos
A loucura entre as pedras da Barreira
Te dou esta canção
Sabendo de toda minha covardia
É melhor lembrar os meus quadros
A minha arte continua
Fechada num quarto, quadro
Transborda o coração
Te dou esta canção
Assinaturas lembram o violão
Te dou esta canção
Perdido cada vez mais
Desaparecendo
Gostaria de ver de novo
Nascer de novo
Te dou esta canção
Não sei se me perdi
Não sei, talvez
Alguém sabe, me informe
Por favor
O estado continua
É lindo te ver
É bom te sentir, meu filho
Loucura sobre o mundo
Talvez a última chance
Talvez a última
De poder dizer
Amor
São Paulo
O espectro solar
Dos raios cósmicos irá dizer
A vida continua a mesma
Up & Down
Vou andando, me escondendo
Procurando parecer normal
A vida nesta big Town
Parei no farol vermelho
No radio tocava um velho Rock & Roll
No relógio deu meia noite
Ai, eu me transformei num vampiro
O complexo de Édipo
Não posso evitar
E brinco com estricnina
Amor letal
Bocas, línguas.
Dentes pra fora
Vou disparando amor
Na solidão capital
E os seus lábios são vermelhos
Seus olhos me hipnotizam
E eu me perdi nos seus braços
Só pra dizer que é tudo mentira
A Luz da Vela
O medo está dentro de você
E você ainda não viu
Treme como a luz da vela
A mesa com os farelos de pão
O balançar da toalha no varal
A dicotomia Pai e Filho
E Espírito Santo e Amém
A favela no meio de Alfaville
A alfavela adentrando a vida
Subi duzentos e quarenta degraus
E no meio da luz descobri
Sua fotografia
Porra. Onde estão meus poemas
Estes 250 milhões de neurônios
Queimados
A tampa da panela tampa
Tampax
Príncipe Charles, chaleira
Que alguém me mate
Antes que alguém me suicide
Que alguém me ame
Antes que eu desista do amor
Que alguém me adore
E ofereça sacrifícios humanos
(não gosto de carne de carneiro)
O medo se transformou em paura
Falei para não ver Globo terror
Filho da puta é via láctea
Tá bom, vou tentar melhorar o nível
Luz de vela a sacanear
Gostaria de falar de cavalos
Mas entrei num poema de luz
Porra, que fala sobre a luz da vela
Daí ela queimou sua parafina
Desceram gotas gozo quinhentas
Sua pornografia
A lente do meu óculos revela
Muito mais do que posso ver
As chamas que dançam numa vela
Sal Cisne, congestão e Alka Seltzer
Da primeira vez fui até Cuba
Depois o cú bateu
Pois que a saudade dure
Antes que ela passe
Pois que o tesão perdure
Antes que encontre o gozo
Pois que conquistem a Terra
Antes de conquistar a Lua
Pois alguém diga:
Pois
Antes que vire
Língua morta
Que se extingue
Como luz da vela
Ao Historiador Raimundo Girão
Noites de pirataria numa nau sem rumo
O cearense que não gosta de carne de sol e nem de forró
O suor brotando por todos os
Poros e evaporando como a música
Colher de pau, projeto futuro
A impaciência com a demora
Pela germinação do próximo verso
A mesma estória
A mesma escória
A mesma rima
Dias de gravata na noite sol de Salvador
Prostitutas no Pelourinho
Raimundos tocando
Raimundos pescando
Parafraseando Raimundos
Raimundos no mundo
Após o 13º uísque com água de cocô
A madrugada começa a girar
Travestis na noite da Barra
Bumbuns maravilhosos
Escondem gebas
Nos motéis ou vivos do amanhã
Preencher todos espaços com palavras
O silêncio após o iniciar da paquera
Após as perguntas para-normais
Qual é seu nome, signo e onde mora
Ou o silêncio após a batalha sexual
Não, entre os sexos
Aquela em que o vitorioso é gozo
Aquela em que não existe homem e mulher
Só gozo
E assim passam os dias
Ameaças veladas
Filmes velados
Cartas marcadas
E assim a noite vem
Beijos afoitos
Milhares de açoites
Estupros inevitáveis
E daí a madrugada no seu
Eterno exercício de manter
Aceso os amores,
De causar temor aos devedores e insônia
A nós todos.
Estação da Luz
Estação da luz, vida e morte
Paisagens pela janela do carro
Churrasqueto
Baby beef
Bisteca
Filé mignon
Contra filé
Lombo na brasa
Cupim com farofa
Frango na brasa
Mini contra
Espeto a gaúcha
O trem passou, um adeus na janela
Espeto à brasileira
Espeto de filé
Pintado na brasa
Lingüiça
Último trago, vou te esperar
De repente a vida passa rápido
Do verde para o amarelo
Milhões de buzinas, vou te esperar
Pessoas zunindo na minha mente
Milhões de abelhas, vou te esperar
O vermelho
Banana split
Sunday
Colegial
Taça simples
Frapê
Estou olhando o teto girar um carrossel
Eslaides projetados pela memória
Passa, passa, passa, passado
Passa, passa, pássaro
Passa, pressa
O amanhecer está aí, relógio da estação
Creme de barbear, barbas na pia
Café da manhã, desço pro bar
Vitamina mixta
Abacate
Suco
Pão na chapa, vinte e quatro horas no ar
Michê confunde com trabalho
A chuva torrencial, milhares de almas
Lutando contra a dor, pela luz
Te vi tantas vezes, te reconheço
Coração único dos paulistanos
Batendo
“Como foi o trabalho meu amor”
DICE
Foi que ela me disse
No quarto escuro
Os seus seios eram portentosos
Belas nádegas
A luz vermelha na garagem
Ouço os gemidos soltos na noite
Um gato miando
Não vá embora
Foi o que DICE me disse
Na noite fria de Sofia
Guaratuba
Uma coisa eu vou te dizer
Vi gaivota a voar
Senti o verde da vida
De papo pro ar
O morro lá tem vez
O cristo que vive lá
O azul desceu do céu
Pra viver no mar
De Guaratuba
Crise de consciência
Vontade de trabalhar
Fiquei quietinho num canto
E deixei a vontade passar
Um sabia me falou
Malandro se liga no mar
Forte é aquele que pia
Onde ninguém quer piar
Na sombra da palmeira
Que coco não da
Misturei bossa e pagode
Só pra te agradar
Em Guaratuba
Não é preciso dinheiro
E nem muita roupa
É só estender a esteira
E lagartixar
Atravessando a baia
Lembrei da outra Bahia
Do poeta Jorge Amado
Velho capitão de areia
Sentindo a brisa do mar
Seu mar
Em noite de lua cheia
Quem olhar pro firmamento
Vai enxergar, por um momento
Uma nova estrela
Destino Xerox III
Tive medo do medo
E por isso escolhi
O caminho direto de contato com Deus
Atravessei outra vez o calvário
Não sou Jesus, nem salvador
As luzes brilham na taberna
E são tão opacas no seu templo
Contrario sempre seus caminhos
Me perco
Me ajude a atravessar esse rio
Cadê a canoa
Uma casca de amendoim
Num oceano de aço
O cérebro é uma bomba
No meio dum edifício
Desarmem, desarmem
Descasquem
Como a um amendoim
Triture-o
Destino Xerox II
A imaginação imagina!
Marginal quadriculada em xadrez
Trinta segundos para a objetiva
Puxaram o nosso tapete
Bagdá, 1001 noites
São Paulo, 101 noites
Los Angeles, 11 noites
Curitiba, 1 noite só
Te reconheço sempre
Mesmo entre as cascas de laranja
És forte para quebrar os amendoins
E é tão doce pra oferecer os cabelos
Endoidei, me perdi, subi até o sótão
E proclamei
Todos tem direito de ouvir o som
Que vem pelas frestas
Tudo que copiei
Fiz por admiração
Destino Xerox I
O câmbio cambia a direção
Carimbo automóvel
Revelamos o filme da mente
A cada momento
E a cada momento
Se encontramos nas fitas
Da loteria esportiva
A caixa registradora
Trai o relatório XY
Fotografamos o boliviano
Cai mais um número
Marcamos na nossa cartela
Emoção recolhida
O estômago já não digere
Os amendoins na sua orelha
Olhos brancos que procuram o tigre
Pele negra perdida África
No prato comida de ontem
Consolação
Nesta minha loucura, você não pode entender
Vejo as luzes da cidade, favela
Sem nada entender
O seu olhar me conta mina???
Labirinto.
Lugar nenhum
Pra chegar
Te chamo de puta
Você me consola
Com o seu olhar de mulher menina
Vou vestir meu capacete
Bora Bora construção
Eu fui feito um estilete
Eu fui feito pra ferir seu coração
ou não
Espaço
Acordei no meio da noite
Uma imagem na tvtelinha
Pintura e gestalt
A pintura como um signo
Eu preferia um sino, ou um cisne
Uma ruptura que tem que ter um ritmo
Pós guerra, pós nos narizes
Jazz e improviso
Assim vejo a arte
Pollok
Vibração
Tudo é dionisíaco em sua falta de forma
Na experimentação espacial de mais de três dimensões
Vibração da cor
A pintura de papel em recortes de tesoura
O espaço detonado.Fim a Apolo.
Misturar tudo.Com play. E com Back.
O dialogo da tela e com a tela numa transposição para a ação.
Quadro sem cavalete.
Artistas sem palco.
Publico sem artistas.
Decoração e devoração do sentido.
Experimentação e espermatização espacial
O mundo tem que ser ampliado.
Agora.
Perfume de rosas
Sentindo o perfume de rosas,
A voz do subúrbio pagão
Som, sonido, desencantos, acordei,
Acorde, a vida segue não sei
Viagens, cadernos, cordilheiras
Prostitutas de todas as vidas e vilas
Pastel de amor, amigos astral
Vale mais que Deus, sou teu
Amizade, coisa sagrada eu sei
Giros, altos giros e discordância
A luz da amizade é aleluia
Nasceu nosso grande amor, eu sei
Eu sei.
São Paulo via Nova Iorque
As prostitutas do cruzeiro do sul
Os mendigos pedindo esmolas
no cruzamento das estrelas
O peão da obra de construção civil
- o radinho de pilha
O peão da fábrica
- o café da tarde / o futebol
A favela e a menina que quer ser miss
Tempo para pensar no presidente
Os metalúrgicos / o sistema
O bandido Escadinha / a cocaína
Os jovens Geração Saúde / a cocaína
Avenida São João / o churrasco grego
A menina de branco / tão linda tão suja
A galeria do rock / ambulantes
O lado selvagem da cidade
Estou cansado de você
Cego / Posso ver seus pensamentos
Mereceria uma canção melhor
Último sonho brasileiro
ILI & ADA
I. Saindo do inferno
Que o diabo nos carregue a todos
Descendo as escadaria do inferno
Risos de escárnio da rainha mãe
Gozei fora várias vezes, perdi o prazer
Usei camisinha, todas vezes estourou
Ojê tenho sessenta e quatro
Você entende o que quero dizer
Queriam me cobrar com dólares
Para ter dez minutos de prazer
E dez anos inteiros de culpa
Encontrei você quando desistia
E não deu certo, realmente desisti
Agora é fuga, e nada mais
Amanhã entro com o seguro desemprego
Lençóis, palco da última luta
Já estou assando no meio do caldeirão
Gritos horríveis, aidéticos sendo cremados
Joguei de centro avante, center alf
Calcei chuteira, errei todas bolas
Ojê tenho sessenta e quatro
Você não pode entender
Pagaram em dólares o careca
E o careca aqui esmolando
Dez anos interinos, intestinos
Enviei uma carta para o redrunter
Me chamaram, me amaram,
Me fuderam, nem santinho me deram
Vou por todos meus tanques na rua
Dúzias de latas de cerveja
O pulsante som da Madona
Como uma chuva sem guarda chuva
Toquei tantos sons pausterizados
Mas também toquei Pixinguinha
Cartola e Nelson Cavaquinho
Estava entre a cruz e a microfonia
Entre a lucidez e a loucura
Mil vodkas e trezentos mil chopp
Pistola dentro, pistola fora
Corro pra banca da cidade USP
Jornal da tarde, alienação
Santos perdeu, sena ganhou
A vida cresceu debaixo do meu bigode
II.Dez passos na direção da terra
A urina que chamamos de mijo
Batia fortemente na água da privada
Fazendo espuma, mil figuras
Quantas vezes mijei fora do pinico
Ou pelo menos fora da privada
Na roda do carro ou na garagem
Metade da garrafa, é metade cheia
Metade vazia, Gil me perdoe
Metade da foda é sempre foda
Quem acabou primeiro espera o outro
(ou esperma o outro)
E eu que achava que estava me sentindo melhor
Porque a vida se tornou uma mesmisse.
Toda manhã, toda noite, tudo igual
A sua cabeça acompanha sem negar
A droga injetada plenamente no cérebro
Você vê todo o povo e ama Jesus
Seu coração está cavado
E você comendo chocolate no puteiro
Amor é a solução, cartazes dizem
Você está numa Bad Trip
Não pode saber o que dizer
Brother, mais uma música para quem
Baby, Babi, Bambi, Babe, Babando
O mundo está desnudo totalmente
Se preparando para uma grande suruba
Você marca presença, Marco Polo
Bucetas estralando, cuspes pra molhar
Rainha Elisabete, Monica Seller e Julio Iglesias
Vida é uma estranha coisa
Vem, passa e o chão aceita
Você negocia, se torna grande
Mas você estará lá, aonde?
A coisas são caóticas como esse poema
Como a galinha kikando e procurando
Eu poderia dizer coisas, eu pertenço
Ao ramo dos galináceos, cruzo o Cabo Barros
III. Chegamos na terra
(largamos aquele inferno)
O pecado é militar, senhor
Deixe-me masturbar quando quero
Quem pode deter desejos
Existia uma força interior
Nós a chamamos de Titan
Alguém aqui perguntava e Deus existe?
Um urubu passou e desenhou sua imagem
O satélite deveria aterrizar as nueve
Uno de nosotros deberia morrir
Mas é so dark to see
Knok, knok on the heaven’s door
IV. Dez dias na terra
Estou entrando em depressão
Não existe a porta do céu, nem a sua porta
E eu batendo, batendo, tudo, alguém
Astronautas passam por mim sem me dar atenção
Todos os espermas do mundo jamais chegarão a ser vida
Sento e penso quantas vidas se perde (ou ganha)
A menstruação do mundo é guerra
Estamos na menopausa
Peça pro vigia outra ronda
Snif, snif, três cristal
Eekk, eekk, overdose
Asteróide, você terra, tão estúpida
Quero chupeta, e quero mamãe
Troque minha fralda e me faça gozar
Porra, rompi a placenta
E de cara me desesperei
Muito vírus pros meus anticorpos
Bolp. Me desintregrei
Era bosta, desinteria e difeteria
Não... não me atrevo a dizer
O chão sempre está mais perto
Do que o céu, do que o seu
Sorriso deprimido no horizonte
Medicina privada, amor cirúrgico
V. Cinco dias debaixo da terra
Campesino, campesino
Manos na terra, que saco
Porque não compra una computadora?
Minhocas, vi milhões de minhocas
Raiz de alface, almeirão e couve flor
Deu até pra regar o metrô
O que você sente dedurona manhã
Algum dizer para esta cama
Alguma coisa como
Esta imensa abertura que se chama existência
Este imenso buraco que nos acolhe na desixtência.
O bom de estar debaixo da terra
É que não faz sombra.
Amazonidas (vôo 201)
Vejo a vida, janela retangular do avião
Asas que se encontram no comercial
Vejo a vida através da fresta
Da festa selva Amazônica
O caminhão pipa transporta
O homem leva tonel de água mineral nos ombros
A água não para de cair deste céu rio
E forma rios no asfalto
Barulho da chuva, urra, raízes no asfalto
Aircraft equiped with seat floated
Momentos antes de alçar vôo
Físico, a mente fica a nível solar
Vagaroso, o monte de metal pássaro
Desfila diante do aeroporto vazio
Vruuuu, verde passando, faixas
Tum. Verde amazônico
Lá embaixo vive. Viva.
Conhecendo você por cima
Entendo você por dentro
Ponto de partida, decolagem
Alma partida, fome selvagem
Nós que voamos e não somos pássaros
Invadimos a sua fauna
Invejamos suas praias, jogamos cocô.
Hordas de bárbaros
Sua alma brilha somente em agosto
A letra c me lembra aquele edifício
E também aquela curva do rio
Milhões de sementes
Tem sanduíche de filé
Tem sim senhor
Tem arara, tucano e cordoniz
Tem de novo aquela curva do rio
Rio que brilha no seu verde
Espelho, contem comigo, esmeralda
O encontro dos magos
O balanço do navio
A insígnia do super homem no peito
Quantos leprosos nos feicham nos faróis (ou flexam)
Fecho os olhos vejo o mapa da floresta
Rasgada aqui e ali por estradas
Tom acre, marrom e amarelo
Passamos as últimas nuvens
O vento castiga,
Sou vaidoso demais pra dizer derruba
Depois é só solidão, só sossego
Só soda, caustica, queimando
Meu estomago gastrico
Cuidado. Sou iodado diz sal cisnei
A parte mais difícil
Será nos embrenharmos pelo seu útero
Teseu no útero, materno
Perdi o avião, enterrei a cabeça na terra
Como o avestruz
Coração feito de cuscus
Num voo de albatroz
Sorrizo facil e falso
A aeromoça diz para apertarmos
Cintos porque atravessamos uma
Turbulencia
Vejo a vida através da fresta da festa selva amazônica
Um homem leva um tonel de água sob os ombros
Enquanto a água da chuva não para de cair deste céu rio
Barulho da chuva, cheiro da chuva, raízes
Conhecer você foi o ponto de partida e a alma partida
Nós nos adentramos da sua fauna e flora
Que alguns chamam de alma e que brilha só durante alguns dias de dezembro
Tinha uma letra a perdida em algum canto do edifício
Encontro de magos, insígnia de super homem escondida sob a blusa
Legiões de leprosos nos fecham no farol fechado
Eu flechado, olho para o lado, águas cinzentas
Tem codorna, tem baião de dois, Zé Ramalho
Tem arara, tucano, codorniz, retrato do Fagner
Tem aquela curva do rio, que nos leva aos seus lábios
Correnteza que nos trai e nos leva por aí
A desafiar pra ver rodamoinhos de dor
Mares, atóis, olhos castanhos, espelho clareia o céu
Risca um raio do horizonte, seus olhos dois faróis
Sinal de tempestade, adeus
Depois é só solidão
Vou perder o avião
E enterrar a cabeça na terra feito avestruz
Vôo de albatroz
Sorriso fácil e falso
Neste caminho de asfalto que trilhamos agora
Tão igual a outros caminhos
Que dá vontade de dizer
A vida é a mesma.
terça-feira, 9 de março de 2010
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